Ainda com 57% das empresas operando sem lucro - 23% operam com prejuízo - o setor em dezembro voltou a ter alta menor do que o índice geral de inflação
A inflação no setor de alimentação fora do lar ficou abaixo do índice geral em dezembro, mostrando que os estabelecimentos voltaram a enfrentar dificuldades para repor o preço dos cardápios - em outubro e novembro o setor havia conseguido fazer ajustes acima do índice geral.
De acordo com os números do último IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (11), o setor de bares e restaurantes registrou uma inflação de 0,53% em dezembro, número abaixo do índice geral, que fechou em 0,56%. Alimentos e bebidas subiram mais que o dobro do registrado nos estabelecimentos: 1,11%.
Os dados reforçam o levantamento mais recente da Abrasel: dos empreendedores entrevistados, cerca de 53% não conseguiram reajustar os preços conforme a inflação no último mês (22% reajustaram abaixo e 31% não alteraram seus preços). A pesquisa também apontou que 57% operaram sem lucro em novembro, com 23% realizando prejuízo e 34% ficando em equilíbrio.
Mesmo com a queda da inflação do setor de alimentação fora do lar, os números mostram que em termos relativos ficou mais atrativo consumir em bares e restaurantes. De acordo os dados divulgados, a alimentação em casa atingiu o índice de 1,34%, ou seja, também muito acima dos números registrados no setor de bares e restaurantes.
“Os números de dezembro mostram que os empresários resistiram a repassar aumentos para os cardápios em uma época na qual o movimento costuma ser bom, com confraternizações e festas. Nossa pesquisa já revelava que a maioria vinha optando por segurar os repasses", diz Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.
"Preocupa que isso ocorra em um momento de alta dos nossos principais insumos, os alimentos e bebidas. No entanto, houve uma pequena recuperação das perdas anteriores quando olhamos o ano como um todo”, completa Solmucci.
No acumulado do ano, o setor registrou aumento de 5,31%, ultrapassando os 4,62% do índice geral. Os números refletem uma recomposição dos preços por parte dos bares e restaurantes, que vêm traçando um caminho de reposição às perdas enfrentadas em virtude da pandemia.